
Na primeira série do ensino médio tive um professor de física que nos surpreendia todas as vezes que entrava na sala de aula. Certo dia, ele quase derrubou a porta ao entrar na sala com uma cadeira empunhada para cima. Teve ele de usar muita força para mantê-la suspensa por determinado tempo. Mais tarde, ele nos perguntou se algum de nós poderia fazer aquilo. Era realmente uma grande proeza! Nosso mestre tinha uma incrível força nas mãos. Ninguém se atreveria repetir aquela façanha. Todavia, o que ele queria mesmo era aproveitar nosso patético silêncio para relacionar a força empreendida na elevação da cadeira, em determinado ângulo, com os postulados e leis da física. Como fazia sentido tudo o que ouvíamos e assistíamos!
Aprendi com minha filha, quando recém-nascida, que uma criança nunca chora á toa. Se ela está chorando é porque algo lhe causa sofrimento. Ela pode estar com fome, sede, frio, desconfortável ou sentindo dor. Esse aprendizado teve tanto significado para mim que até hoje procuro compreender o sentido do “choro silencioso” das crianças, que sofrem sem poder se expressarem. Umas são carentes, outras muito pobres, e ainda outras, portadoras de necessidades especiais. Estou cada vez mais convicto da falta que faz a sensibilidade de saber ouvi-las.