Por: Marcos Tuler
Neste capítulo, o apóstolo Paulo trata de três tópicos importantes sobre as responsabilidades do crente: para com as autoridades civis; para com o próximo e para com sua vida pessoal.
I. Deveres para com as autoridades civis (vv.1-7).
1-Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
2- De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
3-Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer à autoridade? Faze o bem e terá louvor dela,
4-visto que a autoridade é ministro de Deus para o teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.
5-É necessário que lhes estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência.
6-Por esse motivo também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço.
7-Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.
1. Situação histórica e os objetivos de Paulo.
Quando Paulo escreveu esta carta aos Romanos, o clima político-social ainda era favorável à igreja. Não havia grandes perseguições por parte das autoridades romanas.
Os cristãos acreditavam que, por serem cidadãos de “outro mundo”, não precisamos obedecer às autoridades constituídas.
Paulo escreveu esta seção visando o ambiente sociopolítico das igrejas que se reunião em casas romanas. Ele tinha plena consciência das realidades sociais e políticas que confrontavam os cristãos em Roma. Paulo queria evitar a anarquia e, conseqüentemente, uma perseguição desnecessária.
Paulo não pretendia apresentar uma teoria geral de relacionamento Igreja-Estado. Sua intenção era mostrar que , assim como Deus ordenou toda a criação, devemos manter em ordem a comunidade social e política.
2. Por que devemos nos sujeitar às autoridades constituídas?
a) Por amor ao Senhor: “Sujeitai-vos", pois, toda ordenação humana por amor do Senhor” (1 Pe 2.13).
“Observa o mandamento do rei, e isso em consideração ao juramento que fizeste a Deus” (Ec 8.2).
b) Porque essa é a vontade soberana de Deus. “Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei” (1 Pe 13.15-17).
c) Porque foram constituídas por Deus; são ministros de Deus: “Toda a pessoa esteja sujeita às autoridades superiores, pois não há autoridade que não venha de Deus. As autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1).
O apóstolo partiu do partiu do pressuposto de que os governantes trabalham para o bem comum das pessoas (v.4)
“Vem de Deus... são ordenados por Deus” (v.1); “É ministro de Deus para o teu bem” (VV.4,6).
É Deus quem designa a liderança humana:
“é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes” (Dn 2.21).
(Aqui não há lugar para subversão, anarquia, participação do crente em movimentos grevistas, tumultos etc. – O crente não deve se aproveitar da liberdade que tem em Cristo, para insurgir-se contra o Governo.
Veja o que Jeremias escreveu para os cativos de Babilônia:
“Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz” (Jr 29.7).
d) Por causa da nossa consciência: “É necessário que lhes estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência” (Rm 13.5).
Há duas razões para obedecer: por temor do castigo e por motivo de consciência.
[bom senso – É a sensibilidade da pessoa à imagem pública do seu ego – o que as pessoas vão dizer?]
A motivação cristã à obediência ao governo, não está no medo suscitado pela penalidade à infração cometida, mas pela aceitação interna e convicta de que se trata do cuprimento da vontade de Deus.
e) Para vivermos uma vida tranqüila: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda a piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus” (1 Tm 2.1,2).
3. Devemos nos sujeitar às autoridades em quaisquer circunstâncias?
Como podemos aplicar esta passagem aos crentes que sofrem sob regimes políticos repressivos?
Deveriam os crente da Alemanha, na segunda guerra, submeterem-se ao Terceiro Reich? [Livro: A cruz de Hitle]
O mandamento não implica obediência cega, mas consciente e à luz da fé cristã.
Trata-se de sujeição com coerência. “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus” (At 4.19).
Deus instituiu e ordenou os governos para garantir a ordem e a justiça na sociedade, por isso o crente deve submeter-se a eles.
Todavia, se tais governos deixarem de exercer a sua devida função, e passarem a agir no sentido contrário a Palavra de Deus, o cristão deverá obedecer a Deus, e não mais aos homens.
II. Deveres par a com o próximo (vv.8-14).
8-A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis um aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido toda a lei.
9-Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo com a ti mesmo.
10-O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.
1. Amar o próximo.
O mandamento do amor suplanta todos os 613 mandamentos da Torá.
“Quem ama uns aos outros cumpriu a lei” Toda a lei se resume numa só frase: Amarás o teu próximo com a ti mesmo (v.9)
a) Quem é o próximo? Para os judeus eram os parentes. No Antigo Testamento o amor era interpretado como algo que só podia acontecer entre pessoas da raça judaica.
“Ouviste o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo, eu porém, vos digo: amai os vossos inimigos...”
Esta mesma pergunta foi feita por um doutor da lei: Quem é o meu próximo? (Lc 10.29). Jesus o respondeu com a parábola do samaritano. Fez com que ele refletisse sobre a história e respondesse sua própria indagação.
Qual, pois, desses três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
b) De que forma devemos amar o próximo?
Como a nós mesmos.
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.30).
Com amor ágape, divino, sacrificial.
“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós...” (Jo 15.34).
“Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16).
“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão” (1 Jo 4.20,21).
III. Deveres para com sua vida pessoal (vv.11-14).
Paulo apresenta uma lista de ações que compõe um estilo de vida desaprovado por Deus.
b) Devemos pagar tributos e impostos às autotridades.
“Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo” (...) “dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto...” (Rm 13.6,7).
Jesus ordenou: “Dai, pois, a César o que é de César” (Mt 22.21).
c) Devemos honrar as autoridades.
“...a quem honra, honra” (v.7). “Honrai a todos” (...) “Honrai o rei” (1 Pe 2.17).
2 comentários:
muito bom...adorei a síntese de todas as passagens sobre obediência a autoridade
UM PASTOR DE IGREJA PODE SER CONSIDERADO UMA AUTORIDADE?
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