sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A PALAVRA NÃO ESTÁ PRESA



Por: Marcos Tuler

Certo dia, ouvi o testemunho de um rapaz que durante dez anos, quase todos os domingos, cruzava o caminho de uma tradicional família cristã. Naquela época, ele não
era crente e ansiava por ouvir qualquer palavra que lhe aliviasse o sofrimento.
Ainda posso ouvi-lo narrando os fatos detalhadamente:
“Morávamos no mesmo quarteirão. Éramos vizinhos e nos encontrávamos principalmente aos domingos. Era uma linda e abençoada família: o pai, vestido num engomadíssimo terno de linho, mal conseguia mexer o pescoço, aplumado forçosamente para não desalinhar a gravata. A mãe, quase sempre a rigor, costumava usar um vestido de seda pura nas chamadas datas especiais. Porém, às vezes, se contentava com um domingueiro vestido de malha ou saia e blusa. Os filhos? Vi-os crescer! Eram duas crianças bem comportadas: o menino, esperto e falante, estava sempre ao lado do pai. A menina, mais discreta, preferia a compahia da mãe. “Observava todos esses detalhes de longe, porque todas as vezes que nos aproximávamos à distância de 50 metros, todos, num rompante atravessavam a calçada para não ‘batermos de frente’.
“Não me cumprimentavam! Na verdade, nem sequer olhavam na minha direção. Eu precisava tanto de uma palavra! Algo me dizia que eles teriam a solução para a minha vida.”
A descrição desta cena seria corriqueira não fosse um detalhe importante: a real possibilidade de salvação pela simples liberação da “Palavra do Testemunho”.
De uma lado, uma família de crentes, de outro um rapaz perdido, triste e sedento de Deus.
Nenhuma atenção, nenhum convite, nenhuma palavra se ouvia. A Palavra de Deus estava presa, cerrada no coração e nos lábios daqueles crentes.

A Palavra Livre no Testemunho

Muitos cristãos, nem sempre por presunção, mas talvez por medo ou timidez, de igual modo trancafiam a Palavra dentro de si mesmos, parecendo usufruírem egoisticamente do precioso alimento e favor do Senhor.
Em outros tempos, nos primórdios da cristandade, acentuava o despretensioso apóstolo dos gentios, provavelmente na frialdade de sua cela: "Pelo que sofro trabalhos, e até prisões, como um malfeitor; mas a Palavra de Deus não está presa" (2 Tm 2.9).
A mão de Paulo, ligada com cadeias, foi escolhida para desligar a verdade a favor da Igreja de Cristo, a fim de a santificar, de libertá-la do poder de Satanás, de suas ciladas e mentiras. O apóstolo sofria com as cadeias, mas sabia que estava preso para que a Palavra de Deus fosse livre.
Indiferente ao próprio sofrimento por considerar-se “prisioneiro de Cristo”, o magnânimo apóstolo não temia o que lhe pudesse acontecer: libertava a Palavra, varonil e corajosamente.
A despeito de quaisquer circunstâncias, nunca deixou de incentivar seus colaboradores a pregarem a Palavra: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo (...) que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2).
Pensemos o que lhe custou a inspiração de suas mensagens. Foi grande o preço pago, mas Deus pôde comunicar-lhe sua revelação.

A Palavra Livre nos Púlpitos

A Palavra de Deus não está presa. Sempre estará livre; jamais poderá ser sujeitada, reprimida, sufocada ou impedida de cumprir expansivamente sua sublimada missão. “Velo sobre a minha palavra para a cumprir”, diz o Senhor.
Muitos “pregadores” tentam forjá-la, mitigá-la ou até mesmo privatizá-la. Julgam-se senhores, proprietários ou simplesmente administradores da Augusta Palavra. Comportam-se como se tivessem o poder de represá-la, controlando e sustendo a passagem de suas efusivas e caudalosas águas.
Pregam quando, como, e o que querem: Filosofam, discursam, dramatizam; enfadam-se de primorosa retórica, porém, vazia de conteúdo divinamente inspirado. Ao invés de liberarem a Palavra do Senhor com poder, desvirtuam-na com paráfrases, historietas e comentários divorciados da essência dos santos Oráculos. Em suma, tentam conter ou afunilar a passagem de um “turbilhão de águas” nos fracos diques de suas vaidades.
Até quando tais pregadores abrandarão o “peso da Palavra do Senhor”? Até quando permanecerão impunes por esvaziarem-na de sentido? Até quando serão poupados da potente mão do Altíssimo?
E nós, temos coragem de testemunhar? Não é o temor que muitas vezes nos impede? Ou será que não libertamos a Palavra por recearmos a nossa própria censura e conseqüente consternação.
Atualmente muitos “mensageiros”, ao invés de sacrificarem-se pela liberdade da Palavra, sacrificam a Palavra para “pregarem” com liberdade.
Tenhamos, pois, a convicção e a humildade do apóstolo Paulo exemplificadas em seu pedido de oração: “Orai por mim, para que me seja dada, no abrir da minha boca a Palavra com confiança, para fazer notório o ministério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar” (Ef 6.19,20).
Por incrível que pareça, as prisões de paulo serviram para encorajar os santos na pregação do evangelho: “Muitos
dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor” (Fp 1.14). Isto quer dizer que, indiferentes aos riscos que corriam, a Palavra do Senhor fluía sonora e livremente entre os lábios dos nossos primitivos irmãos.
Façamo-nos esta pergunta: a Palavra de Deus está livre em minha vida?

5 comentários:

maybe disse...

I'm appreciate your writing skill.Please keep on working hard.^^

Anônimo disse...

Lembra de mim, quando perguntei sobre em que Deus trabalha, na interioridade ou exterioridade, bom eu vim apresentar o meu blog:
http://pregadorwitalo.blogspot.com/

Anônimo disse...

estou ouvindo vc na radio, muito legal

abiude disse...

Creio que enquanto os cristãos forem meramente espectadores de pregadores profissionais, eles, os pregadores profissionais, farão dos púlpitos palcos para apresentação de suas mensagens baseadas em textos bíblicos, mas sem conteúdo bíbico. Como a história contada por um filho lembrando seus tempos na roça. Quando ouvia um carro de boi zoando perguntava a seu pai o motivo, e seu pai lhe respondia, quanto maior o barulho do carro mais vazio está. Os cristãos devem fazer como os bereanos, consultar as escrituras e verificar se o que está sendo dito das escrituras ela mesma aceita, não há contradições, ou seja, são os famosos falsos profetas dito por Jesus. Eram pessoas que se diziam conhecedoras de Deus, mas só apresentavam heresias. Em vez de conduzir o povo a Deus, dificultavam a caminhada, criando regras pesadas e dificeis de serem seguidas, simplesmente para aprisionar o povo. Que a palavra de Deus esteja livre e libertando o seu povo.

PR CLEITON disse...

PAZ AMADO,INTERESSANTE SEU COMENTÁRIO, ENTENDO AI TAMBÉM O PODER DA PALAVRA NO CASO (EVANGELHO) DO SENHOR JESUS CRISTO,VEMOS ISSO QUASE TODOS OS DIAS ,USANDO TERMOS COMUNS ,ESSES FLOREADOS NAS MENSAGENS ESTÃO MERAMENTE CANSANDO O POVO ,O PUBLICO QUE A ELES ASSISTEM,( TENDO EM VISTA QUE A MAIORIA NÃO ACOMPANHAM O RACIOCÍNIO DO MENSAGEIRO),AGEM TOCANDO A EMOÇÃO OU PARA QUE ALCANCEM O SEU OBJETIVO PENTECOSTAL(BARULHO),MAS AFINAL DE CONTAS ELE ESTA PROPAGANDO O EVANGELHO OU ESTA FAZENDO SUA PRÓPRIA PROPAGANDA?DVDS SÃO OFERECIDOS NO FINAL DA MENSAGEM ,COBRAM VERDADEIROS ABSURDOS PARA COMPARECEREM A EVENTOS EVANGÉLICOS,E AI FAÇO UMA PERGUNTA SERÁ QUE ESSES HOMENS NÃO LEEM AS CARTAS DE PAULO,NÃO SEGUEM O EXEMPLO DE CRISTO, SEM CONTAR QUE DEPOIS DAS MENSAGENS QUANDO ALGUÉM É PERGUNTADO ,E AI MEU AMADO QUAL O TITULO DA MENSAGEM OU ONDE O PREGADO LEU,A RESPOSTA AS VEZES É UMA SÓ,RAPAZ NÃO SEI NÃO MAIS EU SEI QUE ESTAVA UMA BÊNÇÃO, A PALAVRA GENUÍNA FICA NO CORAÇÃO PRA SEMPRE,O POVO DE DEUS ESTÁ ABRINDO OS OLHOS MEU AMADO,CUIDADO PREGADORES ESTAMOS DE OLHOS ABERTOS EM VCS !!!