sábado, 8 de março de 2008
JEQUITIBÁS OU EUCALIPTOS ?
IDENTIFICANDO O AUTÊNTICO EDUCADOR CRISTÃO
Por: Marcos Tuler
Certamente você já ouviu esta celebre frase: “Educação não é profissão, é vocação.” O que quer dizer isto? Educar não é somente professar, instruir, ensinar? Absolutamente não! A nobre tarefa de educar vai além das raias da informação ou simples instrução. Educar tem a ver com transmissão; assimilação de valores culturais, sociais e espirituais. Quem exerce apenas tecnicamente a função de ensinar não tem consciência de sua missão educativa, formadora de pessoas e de “mundos”. Se educar não é sinônimo de ensinar, nos vemos no dever de refletir: Quem ensina? E quem realmente educa? Em que categoria e sentido as funções do professor diferem das do educador?
Professores são como eucaliptos
O educador não deve ser considerado um simples professor, na acepção daquele que apenas ensina uma ciência, técnica ou disciplina. Educadores e professores possuem função e natureza distintas. Eles não são forjados no mesmo forno. E se de fato não são de mesma natureza, de onde vem o educador? Qual a sua procedência? Tem ele o direito de existir? Como pode ser constituído? “Não se trata de formar o educador, como se ele não existisse”, diz o professor Rubens Alves. “Como se houvesse escolas capazes de gerá-lo ou programas que pudessem trazê-lo à luz. Eucaliptos não se transformarão em jequitibás, a menos que em cada eucalipto haja um jequitibá adormecido: os eucaliptos são árvores majestosas, bonitas, porém absolutamente idênticas umas às outras, que podem ser substituídas com rapidez sem problemas. Ficam todas enfileiradas em permanente posição de sentido, preparadas para o corte e o lucro”.
Educadores são como jequitibás
Prossegue o mestre Alves, “os eucaliptos são símbolos dos professores, que vivem no mundo da organização, das instituições e das finanças. Os eucaliptos crescem depressa para substituírem as velhas árvores seculares que ninguém viu nascer e nem plantou. Aquelas árvores misteriosas que produzem sombras não penetradas, desconhecidas, onde reside o silêncio nos lugares não visitados. Tais árvores possuem até personalidade como dizem os antigos”. Os educadores são como árvores velhas, como jequitibás, possuem um nome, uma face, uma história. Educador não pode ser confundido com professor. Da mesma forma que jequitibás e eucaliptos não são as mesmas árvores, não fornecem a mesma madeira.
Como identificar os autênticos educadores cristãos
Há diferença entre professores e educadores no que se refere a práxis do ensino cristão? Como podemos distingui-los, identificá-los? É suficiente dominar métodos, procedimentos e técnicas didáticas ou ser um expert em comunicação? Óbvio que não!
Este tema, romanticamente discutido e refletido no âmbito da educação secular, assume maior importância e dimensão no da educação cristã. Nenhum educador cristão deve fracassar diante da tentação de apenas manter seus alunos informados a respeito da Bíblia e da vontade de Deus. Antes deve torná-los, através da influência do próprio exemplo, praticantes da Palavra e perseguidores da vontade divina.
Educadores têm convicção de sua chamada
Com o intuito de edificar e aperfeiçoar sua Igreja, Cristo concedeu vários dons aos homens e, dentre eles, o de mestre: “E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11,12). Segundo o comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal, “mestres são aqueles que recebem de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus”. Isto significa que, além da vocação e das aptidões naturais para o magistério, o ensinador cristão precisa ter convicção plena de sua chamada específica para o ministério de ensino cristão.
Educadores são dedicados ao ministério de ensino
Muitos são freqüentemente colocados à frente de uma classe por seus líderes, mas não receberam de Deus a confirmação de sua chamada. Não sabem realmente porque foram colocados naquela função. Como identificar os professores genuinamente chamados para serem educadores? Os chamados, enquanto ensinam, sentem seus corações inflamarem pela atuação poderosa do Espírito Santo. Eles amam intensamente sua missão. Têm dedicação em sua prática docente: “...se é ensinar, haja esmero ao ensino” (Rm 12.7b). E o que significa esmero? Esmero significa integralidade de tempo no ministério de ensino, ou seja, estar com a mente, o coração e a vida totalmente voltados para esse mister. Ser ensinador cristão é diferente de ocupar o cargo de professor. Envolve chamada específica e capacitação divina.
Educadores mantêm comunhão real com Cristo
Outra característica que diferencia o educador cristão de um simples técnico de ensino, é que o primeiro, mantém um relacionamento real com o Senhor Jesus. Em outras palavras, significa que Cristo é, em primeiro lugar, seu salvador pessoal, salvou-o de todo o pecado e é também Senhor e dono da sua vida. Há professores que não têm certeza da própria salvação, como poderão ensinar Soteriologia? Outros não oram, não lêem a Bíblia e não têm vida devocional. São técnicos! No magistério cristão, de nada adianta ensinar o que não sente e não vive. O educador nunca ensinar aquilo que não está disposto a obedecer.
Educadores seguem o exemplo de Cristo
A melhor maneira de unirmos as funções de professor e educador é seguirmos o exemplo de Jesus. Ele foi, em seu ministério terreno, o maior professor e pedagogo de todos os tempos; usou todos os métodos didáticos disponíveis para ensinar: costumava, por exemplo, fazer perguntas para induzir a audiência a dar a resposta correta que Ele buscava; fazia indagações indiretas exigindo que seus discípulos comparassem, examinassem, relembrassem e avaliassem todos os conteúdos; exemplificava com parábolas, contava histórias e usava vários métodos criativos. Conforme declarou LeBar, citado por Howard Hendricks no Manual de Ensino, CPAD, “Jesus Cristo era o Mestre por excelência, porque ele mesmo encarnava perfeitamente a verdade. [...] Ele entendia perfeitamente seus discípulos, e usava métodos perfeitos para mudar as pessoas individualmente e sabia como era a natureza humana e o que havia genericamente no homem (Jo 2.24,25).”
Jesus ensinava complexidades usando a linguagem simples das coisas do dia-a-dia. Sua linguagem sempre era tangível à experiência das pessoas – emprego, problemas pessoais, costumes, vida familiar, natureza, conceitos religiosos etc. Seus instrumentos pedagógicos eram os campos, as montanhas, os pássaros, as tempestades, as ovelhas. Em suma, qualquer coisa que estivesse ao seu alcance Ele usava como ferramenta de ensino.
Educadores nunca cessam de aprender
Um autêntico educador, ao contrário de certos professores que se sentem “donos do saber”, são humildes e estão sempre com disposição para aprender. Ele não se esquece que o homem é um ser educável e nunca se cansa de aprender. Aprendemos com os livros, com nossos alunos, com as crianças, com os idosos, com os iletrados, enfim, aprendemos enquanto ensinamos.
Não há melhor maneira de aprender do que tentar ensinar outra pessoa. O professor-educador deve estar atento a qualquer oportunidade de aprender. Quando não souber uma resposta, é melhor ser honesto e dizer que não sabe. A ausência do orgulho diante da realidade de “não saber”, facilita e promove a aprendizagem.
Educadores exercem liderança positiva
Liderança positiva é outra peça-chave na constituição dos educadores cristãos autênticos. Tendo consciência ou não, quem ensina sempre exerce liderança sobre quem aprende. Essa liderança, será positiva ou negativa, em função da postura espiritual assumida pelo educador. Os ensinamentos, conceitos, princípios e conselhos ministrados aos seus alunos, dificilmente deixarão de influenciá-los. De que modo pode o professor evidenciar liderança positiva? Eis algumas dicas:
a) Apoiando o pastor de sua igreja;
b) Dando assistência aos cultos;
c) Participando efetivamente no sustento financeiro da obra de Deus (dízimos e ofertas);
d) Integrando-se à igreja: presença e atividades nos cultos;
e) Mantendo-se distante dos “ventos de doutrinas”;
f) Sendo eticamente correto;
g) Vivendo o que ensina (personificar a lição);
h) Tendo um lar cristão exemplar;
i) Apoiando a missão e a visão da igreja local;
j) Não usando a sala de aula para promover revoltas e dissoluções.
l) Colocando como alvo o nascimento de uma nova classe a cada ano.
m) Colocando como alvo a geração de novos professores a cada ano.
Como nos referimos em tópico anterior, o ministério de ensino exige dedicação integral do professor: “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus Cristo” (At 5.42). Cabe aos educadores cristãos a responsabilidade de instruir, guiar e orientar o caminho de outros servos de Deus. O professor que não se limita a dar instruções, precisa ser cada vez mais consciente de sua tarefa, não no sentido de mera assistência, mas em suas atitudes e atos em relação à obra de Deus e a Cristo. O resultado desta missão será energicamente cobrado. Chegará o dia em que cada obreiro do ensino dará contas de si mesmo a Deus: “...cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.12).
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13 comentários:
É lendo texto como esse que vemos como a tarefa de educar não é uma das mais fácil.
Jesus foi, sem dúvida, o maior exemplo de educador de todos os tempos, pois Ele não ficava somente em meras palávras e retóricas, não, Ele cumpria com sua obrigação de ensinar e educar, além dEle mesmo praticar seus próprios ensinos.
Precisamos de pregadores para a seara do Senhor, a fim de semear a palavra às pessoas que ainda não as conhece, mas também precisamos de educador para educar o povo na palavra de Deus.
Deus nos ilumine.
Caro irmão Josélio, muito obrigado por seu pertinente comentário. Certamente, como nos primórdios da Igreja, o Senhor contará nesses últimos dias, muito mais com os ensinadores que com os pregadores. Deus o abençoe.
Pr. Marcos Tuler
A paz do Senhor, pastor Marcos
Muito pertinente seu texto e reforça a fala de Cristo em Mateus 28.19 (Ide e ensinai a todas as nações...)Papel que deveria ser primordial da igreja como um todo. Assim, como vão conhecer a Cristo e seus ensinamentos se o ensino ainda não é o foco principal no meio Cristão? Se preferimos uma boa e técnica retórica a um bom ensino?
Bela bandeira o senhor tem levantado e tenho certeza de que não é utópica, mas totalmente possível.
Quero pedir desculpas pelo nervosismo no 5º Congresso de EDB em Salvador, na simples entrevista a qual acabei sepultando - o antes do tempo ( Saudoso pastor) rsrsrs
A entrevista foi ao ar e sua fala em relação à metodologia do professor fez sucesso e os ouvintes sempre pedem pra repetir.
Um abraço em Cristo,
Irmão André Silva - Carpina - PE
www.olhos30.blogspot.com
Caro irmão André, é claro que me recordo desse episódio com muito carinho. Fiquei muito contente em saber que uma simples entrevista tem servido de auxílio aos queridos irmãos. Gostaria, se for possível, que os irmãos me enviassem uma cópia da entrevista.
Deus o abençoe ricamente.
Pr. Marcos Tuler
Prezado Pr. e Profº Marcos Tuler, sou sua aluna do 3º período - noite da FAECAD. Muito edificante textos como este.
Tarefa difícil educar.....
passar conhecimentos......
Mas que maravilha colher os frutos.
Se todos os que ensinam fossem educadores de verdade, as igrejas teria um número bem maior de crentes com qualidade.
Que o Senhor continue abençoando seu minnistério, que é precioso aos olhos de Deus.
Fica na Santa Paz do Senhor.
Elizabeth Pacheco.
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Caro pr. Tuler, MEU NOME É QUEZIA FONTES e participei de um curso rápido sobre ensino participativo na CPAD há um tempo atrás. Gostei muito e apliquei muitos ensinamentos adquiridos.
O texto em apreço é muito interessante e deveria ser trabalhado pelas classes de professores de E/D. Acredito que deveríamos discutir o papel do educador cristão diretamente com eles, no seu ambiente de trabalho. Mesmo não tendo uma formação acadêmica, poderão ser uma ferramenta útil, se realmente perceberem que seu papel na ED é relevante para o Reino de Deus. Não é "uma simples aula de E/D".
Estou trabalhando agora na Vice-superintendência da E/D de minha igreja e quero colocar esse texto como início de uma conscientização do papel do educador cristão em aulas de professores.
Que Deus continue abençoando o amado pastor em suas atividades.
Desejamos tê-lo como palestrante em nossa igreja, principalmente para os professores e alunos da E/D. Tem uma vaguinha na sua agenda. Sou da AD Central de Cascadura - Pr. Davi Fontes.
Ps. Meu nome é Quezia Fontes (não tenho blogger nem OpenID)
Pr. Tuler, qual a possibilidade de apresentar uma palestra para nossos professores e alunos da ED sobre escola dominical participativa? Nossa igreja é no Rio de Janeiro (AD Central de Cascadura - Pr. Davi Fontes) Tel. 2596-1209 e 8720-3757 (Quezia). Aguardo resposta.
Caso não possa, gostaria de saber sua agenda no Rio, para poder acompanhar alguma palestra ou seminário.
Cara irmã Kezia, muito obrigado pelo convite. Sugiro que a amada irmã entre em contato comigo por telefone ou e-mail. Preciso saber em que dia será o evento para verificar minha agenda.
Tel: 2406-7345
e-mail: marcos.tuler@cpad.com.br
Pr. Marcos Tuler
Se conhece um educador pela maneira da transformação dos que receberam seus ensinos.
Caro Pastor Marcos, a paz do Senhor.
Este texto é uma benção para todos nós, ser um educador no mundo corrido e de conquistas rapidas não é nada facil, visto que o bom educador é aquele que dedica tempo a sua vida de educador. O mundo que vivemos (algumas pessoas) não trata o professor como ele merece por isso devemos ter todo o cuidado para que isso não ocorra com nossos professores de escola dominical.
Adimiro sua chamada ministerial e seu trabalho como um otimo educador, espero ter a oportunidade de conhece-lo pessoalmente um dia. Nesta sexta e sabado, (24,25 de outubro) o senhor estara aqui na AD na cidadde de Coronel Fabriciano-MG ministrando mas eu estarei trabalhando então estou pedindo a Deus que se possivel essa seja a oportunidade se não continuarei orando pelo Pastor da mesma forma.
Um abraço!
Caro Pastor Marcos, a paz do Senhor.
Este texto é uma benção para todos nós, ser um educador no mundo corrido e de conquistas rapidas não é nada facil, visto que o bom educador é aquele que dedica tempo a sua vida de educador. O mundo que vivemos (algumas pessoas) não trata o professor como ele merece por isso devemos ter todo o cuidado para que isso não ocorra com nossos professores de escola dominical.
Adimiro sua chamada ministerial e seu trabalho como um otimo educador, espero ter a oportunidade de conhece-lo pessoalmente um dia. Nesta sexta e sabado, (24,25 de outubro) o senhor estara aqui na AD na cidadde de Coronel Fabriciano-MG ministrando mas eu estarei trabalhando então estou pedindo a Deus que se possivel essa seja a oportunidade se não continuarei orando pelo Pastor da mesma forma.
Um abraço!
Thanks :)
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